sexta-feira, 10 de maio de 2013

Uma Parabola para nosso Tempo!

Tá devagar as postagens, mas é que o caminhar também ficou lento. Pra quem um dia for ler o que posto aqui, mais um texto do Wayne.



CIDADE ARVORE
por David Hebden and Wayne Jacobsen




Tinha um cidade, igual qualquer outra cidade, a não ser pelo fato que não havia arvores.  Uma doença havia extinto elas a muito tempo de forma que ninguém que morava atualmente se lembrava delas. Eles cresceram acostumados com uma terra reta.
Um dia um jovem foi a biblioteca para passar o tempo e se distrair. A biblioteca fora construída quando a cidade ainda era nova, nada melhor que um posto e uma estação. Aconteceu muito rápido, o jovem estava em uma seção empoeirada da biblioteca quando o term do meio-dia passou chacoalhando todas as estantes. A poeira entrou em seu nariz e ele espirrou, e lá estava, quase caindo da estante. Ele foi coloca o livro no lugar, pensando que deveriam mudar a biblioteca pra longe da estação de trem, pra ter mais paz e sossego.
Obviamente era um livro bem grosso, o que o deixou curioso. Ele o tirou da estante e abriu. Não havia gravuras, e as paginas estavam velhas e amareladas. Parecia uma coleção de historias sobre a vida de um jardineiro “ talvez eu deva dar uma olhada”, ele pensou, “não tenho nada a fazer”.
Naquela tarde sentado na varanda, tomando um refresco bem gelado, ele começou a folhear o livro e parou num capitulo sobre arvores. Isso o fascinou, já que só havia ouvido falar em arvore e nunca tinha visto uma de verdade.  Ele sabia o que madeira era, mas sempre havia vindo do trem das entregas nunca de uma arvore.
A medida que lia mais ficava interessado sobre arvores e o que elas podia providenciar. Como faziam sombra e davam frutas deliciosas para se comer. Elas ofereciam refugio dos ventos do inverno e combustível para o fogo quando estavam velhas e cansadas. Que coisa maravilhosa  essas arvores devem ser! Não seria maravilhoso se tivéssemos algumas por aqui?”
Enquanto os dias passavam ele ficava mais empolgado com arvores e começou a conversar com o amigos sobre o livro e as arvores. Logo achou outros que já haviam ouvido sobre arvores e um ou dois que realmente as tinha visto a distancia. A animação tomou conta da cidade e todos queriam ter arvores. Uma assembleia foi marcada e o prefeito pediu ao jovem para ler sobre as arvores.  Uma votação foi feita e decidiu-se que  ia se construir arvores. Logo a pacata cidade ficou cheia de atividade. Comitês foram formados para desenhar e projetar as arvores, importar a madeira e até arranjar alguns frutos.
Logo havia arvores por toda a cidade. Bem, o que eles achavam que eram arvores! Elas se pareciam muito com o que o livro diziam que eram as arvores. Para as raízes eles cavaram buracos e colocaram cordas porque elas se pareciam com antigas raízes. Eles pregaram essas raízes nem grandes pinos de metal retirados de caminhões. Eles pregaram “galhos” aos troncos e as moças costuraram folhas do linho mais fino, pintaram e as colaram nos galhos. Também conseguiram frutas  e as colaram nesses galhos para que fosse colhidas quando quisessem.
Eventualmente as ruas ficaram cheia de arvores. Mesmo que de longe parecessem arvores,  de perto dava pra ver as diferenças. Pode-se perceber que pessoas diferentes interpretaram o livro de modos diferentes. Elas simplesmente olharam por ângulos diferentes. As cores das folhas eram só cores e as frutas foram usadas as que mais eram apreciadas.
Visitantes começaram a chegar para ver as arvores pela primeira vez em suas vidas e se maravilharam do tremendo trabalho pra construir tantas arvores. Por decisão popular decidiu-se mudar o nome da cidade para cidade arvore. O livro                 que começou tudo foi colocado na prefeitura numa moldura de vidro. Uma nova economia surgiu dos visitantes. Foi criado guias, excursões, loja de brindes, e camisetas da cidade arvore.
Mas a animação inicial foi esquecida por muitos. Eles cresceram construindo e mantendo as arvores e imaginando porque pendurar as frutas, insistindo para que ficassem frescas mesmo depois de armazenadas. Alguns até começaram a questionar se essas eram realmente arvores de verdade. Os especialistas – aqueles que memorizaram o capitulo sobre arvores – logo atacaram quem questionava. Claro que eram reais e verdadeiras. Vejam quanto tempo e dinheiro foram gastos e como vinha gente para ve-las. Poderiam estar todos errados?
Até as frutas começaram a fazer as pessoas ficarem doentes, as pessoas mesmo reclamaram porque não acreditaram que as arvores fariam as frutas melhores.  Logo criou-se uma lei de que só podia comer frutas recém tiradas das arvores, e não se poderia guarda-las em casa. O povo começou a ficar desiludido e desencorajado com muito esforço pra pouco resultado. ”Só precisamos trabalhar mais duro”, exclamou um dos anciãos.
Muitos viviam com medo de serem chamados de baderneiros e ridicularizados por não colocar a prosperidade da cidade frente a suas ideias. Mas esses eram poucos que não conseguiam se encaixar. Pararam de trabalhar nas arvores e de comer seu fruto. No começo tentaram convence-los de como estavam errados, mostrando o crescimento fenomenal da economia das arvores. “ porque então mandamos nossos especialistas a outras cidades que também estão construindo suas arvores”.  Isso funcionava com alguns, que estavam muito cansados para lutar e mudar o equilíbrio e decidiam que era melhor não mudar nada.
Aqueles que continuaram a questionar o porque das arvores, acharam difícil morar lá. Alguns que trabalhavam nas arvores jogavam gravetos e frutas quando estes passavam. Os chamavam de “sem arvores” e diziam para eles, “ se você s não gostam de nossas arvores então saiam de nossa cidade. Mas nunca irão saber a alegria que as arvores nos trazem.” Então eles olhavam uma pra o outro e sorriam. “ é para seu próprio bem, vocês precisam da comida.” finalmente alguns deixaram a cidade.
Um dia o jovem que descobriu o livro estava passeando pela nova prefeitura da cidade construída com o dinheiro da economia gerada pelas arvores. Ele sentou-se numa praça entre as arvores, olhando para o vitral em frente ao prédio.  Trancado dentro estava o livro que causou um monte de divisão entre as pessoas. Ele estava triste porque o que era um promessa se tornou uma confusão, e ele odiou o dia em que achou o livro na biblioteca.
Então ele percebeu que um estranho estava sentado ao seu lado. “ você está bem?” perguntou o estranho. “ você não parece bem.”
O jovem olhou para o estranho e foi cativado por seu olhar. “ eu já fui um “com arvores” agora sou um “ sem arvore””, disse o jovem. ‘” eu pensei que as arvores iriam trazer grande alegria, mas tudo se tornou mais trabalho e problemas.”
“ que arvores?” perguntou o estranho
“essas!” disse o jovem apontado para as arvores
“Meu Deus, é isso que você chama de arvores?” exclamou o homem apontando para as torres formadas de madeira, com linho  e maçãs penduradas.
“elas são o que são. Nós as construímos usando um livros que achei na biblioteca...”
“como!!!” interrompeu o estranho. “ qual o nome desse livro?”
“uhmm, o jardim e seu jardineiro. É um autobiografia, eu acho...algo do tipo.”
“Ah, sei, então você nunca viu uma arvore de verdade?” perguntou o estranho.
Confuso o jovem olhava para seu novo amigo. “essas não são arvores de verdade? Nos as construímos o melhor que conseguimos”
“isso não são arvores. O quanto do livro vocês leram afinal?”
“Bem, somente o capitulo que falava de arvores. Eu até olhei os outros capítulos, mas todos pareciam tão chatos, menos esse das arvores. Nunca tivemos arvores e elas pareciam tão incríveis.”
Subitamente, o estranho se levantou. “me siga. Eu acho que tenho novidades para você.” Intrigado o jovem seguiu o estranho até o vitral. “então vocês nunca leram o livro todo certo? Não pudera essa cidade ser tao estranha.”
“o que você quer dizer com estranha?”
“o livro não é sobre arvores ou jardins, mas sobre o jardineiro que as plantou. Arvores de verdade não pode ser construídas elas crescem sozinhas.”
“crescem?”
“sim, você planta a semente no solo, a mantem úmida e logo crescerá uma arvore que realmente dará frutas.”
“arvores crescem?” o jovem parecia chocado. Nunca tinha ouvido nada desse tipo. “ sempre achei q tinha que construí-las.”
“ eu sei meu amigo, mas você nunca viu uma arvore de verdade. Não tem como construí-la não importa a habilidade do construtor. Você só pode planta-la. Se tivesse lido todo o livro saberia isso. Você conheceria o jardineiro e como ele faz para ter arvores lindas das menores sementes. Tem até algumas sementes coladas na contracapa para que pudesse ser plantadas e cresceriam arvores. Você não as viu?”
“havia alguma coisa”
“eram elas!”
“achei que eram só algumas coisas velhas e joguei fora quando emolduramos o livro”
”somente aqueles que tiraram tempo para ler o livro e conhecer o jardineiro teriam reconhecido as sementes, visto que elas pareciam insignificantes”
“ acho que eu confundi tudo”
“confusões podem ser acertadas” – disse o estranho
“mas joguei fora as sementes e agora não posse nem ler os capítulos sobre o jardineiro!”
“claro que pode”, disse o estranho tirando uma copia do livro de sua mochila e entregando para o jovem.
“veja eu conheço o jardineiro que escreveu esse livro”
O jovem pegou o livro em suas mãos e sorriu. “você conhece?”
“ele é meu pai, e eu estou bem feliz em te mostrar tudo o que quiser saber sobre ele.”
“isso seria ótimo!” abrindo o livro ele correu as mãos pelo interior da contracapa “elas estão aqui!”
Elas estão mesmo, agora você sabe pra que elas são, vamos planta-las e ver o que acontece!”
“uma arvore de verdade? Os outros  ficarão surpresos!”
“sim, ficarão, com certeza...”