Uma garota e seu pai!
By Wayne Jacobsen
“majestade, gloria a Deus...” as palavras saiam fácil de
minha boca enquanto eu cantava com um
grupo de crentes de todos os EUA que se juntaram pra trocar suas experiências
numa igreja relacional. Era um domingo de manhã e só estávamos começando o
grupo com canções de louvor e adoração a Deus.
Havíamos cantado algumas canções e mostravam o tema das
canções dos anjos e anciãos que cantam ao redor do trono de Deus.
Mesmo sabendo que Deus é merecedor disso e muito mais, algo
não estava certo em meu coração. Sentada perto de mim nessa manhã estava uma
menina de 3 anos e meio, aninhada nos braços do pai, Jim. Nyssa lutava com as
complicações de síndrome de Freeman, uma disordem muscular genética que causa
uma escoliose grave e deforma os dedos. Ela é alimentada por um tubo no
estomago e essa síndrome não a deixa falar, andar ou brincar como outras
crianças. De fato só o que ela consegue fazer é ficar nos braços do pai,
balbuciando. Mas você consegue ver a conexão entre eles e o amor e adoração que
emana da face dele quando a aconchega em seus braços.
“É isso que Eu Quero”. As palavras apareceram em minha mente
tão calmamente que quase as perdi. Tive que parar um minuto para perceber o que
ouvi e de onde veio. Certamente não era eu que queria. Depois de uns momentos
de meditação eu reconheci a voz do Pai e imediatamente entendi porque meu
coração estava tão inquieto essa manhã.
Estávamos exaltando a Deus, junto com uma orde de anjos que
rodam o trono de Deus com louvor e adoração. Ele queria que desfrutássemos um
momento em seu colo, como aquele pai e filha, com uma intimidade que nenhum
momento de adoração poderia substituir.
Agora, por favor não compreenda errado meu ponto de vista em
pensar que Deus ou eu temos problemas com adoração e louvor. Eu não tenho e
tenho certeza que Ele também não. Mas será que Ele não quer algo mais? Será
possível que possamos nos esconder no meio de um monte de pessoas exclamando
louvores a Deus e perder o que realmente importa para Ele.
Parei pra pensar um momento e percebi que o que eu
preferiria mais. Será que eu não ia preferir que meus filhos sentassem no meu
colo e me dissessem como bom pai eu sou, repetindo as mesmas palavras o tempo
todo até que eu entendesse a mensagem, ou, eu ia preferir tirar um tempo para
caminhar com eles, compartilhar suas alegrias, preocupações e sonhos?
Como um pai de filhos de 19 e 21 anos, essa questão nem paro
pra pensar. Muito mais que suas adorações eu prefiro a afeição e amor dos meus
filhos. Será muita pretensão achar que
Deus quer o mesmo de nós? Claro que podemos dizer que Ele quer os dois, de
fato, alguém pode dizer que a adoração flui naturalmente da afeição. Entretanto,
eu acredito que é possível adorar a distancia e não dar a Deus nossa afeição.
O contraste de um grupo adorando a Deus e imagem de uma pequena e frágil criança nos
braços de seu pai ficou na minha mente desde então. Nossa carne pode ser
comovida pela adoração dos outros, mas o Pai não tem esse ego. Eu conheço muitas
pessoas que sacrificaram a afeição de suas famílias para ter sucesso nos seus
trabalhos, mas Deus não funciona desse jeito. Eu penso que Ele aprecia muito
mais afeto e amor do que adoração em qualquer dia da semana. Ele é o Deus de
amor afinal.
O que mais me tocou nessa troca ente o pai e a filha era a
fragilidade da filha não diminuiu em nada o amor do pai. Em nada sua
fragilidade a tornou menos merecida. Nós temos a tendência de diminuir nossa
adoração quando estamos mais cientes de nossa fragilidade. Quantas vezes os
acordes de adoração empurram as “pessoas bonitas” e os “poder para o povo” a
frente enquanto nos fundos ficam os que são “menos”? Mas no colo do Pai não tem
nem mais nem menos. Pais geralmente gostam de maneira igual de seus filhos e só enxergam as fraquezas
como buracos onde mais amor pode ser colocado.
É interessante saber que Nyssa é adotada. Seus pais a viram
pela primeira vez quando ela tinha 11 dias de vida e sabiam de sua condição
antes de eles a convidarem para morar com eles.
Jim disse-me que incialmente ele era resistente ao fato de
adotar uma criança que precisaria de da tantos cuidados especiais. Mas no
momento em que ele pôs seus olhos em Nyssa, tudo mudou. “Logo que a peguei nos
braços, ela me olhou e piscou. Meu coração então derreteu e eu soube que
deveria dizer sim.”
Ela foi escolhida da mesma maneira que o Pai nos escolhe,
consciente de nossas fraquezas e que nos amaria mesmo assim.
Depois seu pai me lembrou que ela nem conseguia ir até o
colo do pai. Se o pai não tivesse se abaixado para pega-la. Ela nunca teria
sentado no seu colo. Não estou bem certo se nossa situação não é a mesma. Quem
de nós consegue chegar até o colo de Deus por nossas forças? Ele é nossa única
força e não haverá intimidade se ele não a fizer acontecer. Acho que só o que
podemos fazer é estender nossos braços a ele em humildade e submissão. Mas
sentar no Seu colo é feito Dele.
Faz sentido para mim agora, porque Jesus perguntou para
Pedro após sua ressureição: “Voce me ama?” Ele não queria saber se Pedro
adorava Ele, o temia ou estava pronto para servi-lo. Ele só queria o amor de
Pedro. Sabia que se tivesse esse amor tudo mais viria junto. Sem isso nada mais
ia servir.
Podemos acreditar que Deus nos vê como Jin vê sua filha
Nyssa? Essa admiração simples faz toda a diferença do mundo.
“é isso que mais quero!”
Bem não adianta, desde aquela manhã não consigo fazer um
tempo de louvor sem me lembrar de Nyssa e seu pai e acabar lembrando do que meu
Pai celestial quer realmente de mim.